sexta-feira, 13 de julho de 2012

Casimiro, caçador de monstros

Este é mais um dos segredos escondidos de Lisboa. Tal como a ponte de luz que aparece por breves momentos ao final do dia, este candeeiro-sombra que fotografei no Castelo de São Jorge também só é visível em momentos muito especiais.

Se o encontrarem, esperem um pouco e pode ser que vejam o fantasma de Casimiro Leão Guerreiro a aproximar-se, retirar um frasco de whisky do bolso da gabardina e beber um trago antes de revelar um revolver na mão direita e desaparecer.

Nascido entre séculos, no momento em que o relógio batia as 12 badaladas do início do dia 1 de Janeiro de 1900, Casimiro cresceu para se tornar um indivíduo extraordinário, capaz de feitos incríveis e protagonista das mais inacreditáveis aventuras. Poderia dizer-se que Casimiro era um detective, mas não um detective comum. Na verdade, era conhecido em Lisboa pelo nome apropriado de "Caçador de Monstros" pois a sua especialidade era precisamente encontrar, perseguir e aprisionar ou matar os seres demoníacos que infestavam os subterrâneos da cidade naquela altura.

Um dos clientes mais regulares de Casimiro era a Maçonaria Portuguesa, mais especificamente os representantes do Grande Oriente Lusitano. Certo dia, em Maio de 1931, Casimiro desvendou um plano dos maçons para terminar de vez com os demónios, monstros e aparições que assombravam a cidade. Um plano que o Grão-Mestre da Maçonaria apelidou de "a solução final".

No entanto, a grande solução iria terminar não só com os indesejados, mas também com toda a magia de Lisboa. Os corvos falantes, as pontes de luz, os navios espaciais, os golfinhos voadores, as árvores anciãs... todos iriam desaparecer. Para isso acontecer, era necessário que a população deixasse de acreditar na sua existência e, para isso, seria necessário que todos pensassem da mesma maneira.

...programação mental massiva...

Chocado com a descoberta deste plano maquiavélico, Casimiro dirigiu-se de imediato ao Grémio Lusitano, sede da organização maçónica, determinado a destruir os esquemas do Grão-Mestre. Ele sabia que provavelmente seria a derradeira noite em que poderia percorrer as ruas da cidade que tanto amava, mas a sua determinação era inexorável.

Casimiro bebeu um último trago de whisky, retirou o seu revolver do bolso e atravessou a entrada do Grémio Lusitano para nunca mais ser visto.

É quase certo que o detective morreu naquela noite e que os monstros desapareceram da cidade. Mas também é evidente que Casimiro conseguiu interferir de certa forma na "solução final".

É por isso que ainda hoje se vislumbram alguns vestígios de magia.

É por isso que por vezes se consegue ver o fantasma de Casimiro a a passear pelas ruas de Lisboa.

É por isso que a luz da nossa cidade continua diferente de todas as outras.

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